A estrutura retabular apresenta no centro a tribuna, que se destinaria à exposição, no alto do trono, da custódia eucarística. O trono é uma construção piramidal (simbolicamente é a subida ao céu), de cinco degraus, de dimensões decrescentes e semi-hexagonais, com decoração à base de elementos vegetativos, diferentes de degrau para degrau, no cimo dos quais se encontra uma peanha orlada de três cabecinhas de anjos e sobre a qual assenta a imagem do padroeiro S. Martinho, configurado como bispo, pelo que enverga as vestes eclesiásticas, estofadas com lavores, ostentando a mitra e o báculo. O núcleo central do remate ostenta um brasão episcopal.
As paredes da tribuna são direitas e o teto em forma de abóbada com caixotões quadrados e decorados com cercaduras de folhas e flores, também em talha dourada.
Por sua vez, o teto da capela-mor apresenta, também, a mesma estrutura abobadada, com caixotões quadrados com cercaduras de flores e pintados com arranjos florais em azul, sobre fundo branco. Ao sofrer obras de restauro há pouco tempo, detetou-se, por baixo destas pinturas, vestígios de pinturas de época mais recuada.
A luminosidade que incide sobre a capela-mor penetra por uma vasta janela, de avental, com decoração nitidamente barroca
O acesso à capela-mor é feito através do arco cruzeiro que, originalmente se apresentaria com policromia, da qual só restam vestígios.
Na parede da esquerda, junto à porta lateral, pode ver-se o púlpito, belíssima obra, com base em pedra de Ançã bastante trabalhada, possivelmente da escola renascentista coimbrã, do século XVI.
Texto: Fátima Baptista Tarrafa
Fotos: Hermínio Marques